Pesquisadores das Umiversidades de São Paulo (USP) e Federal do Pará (UFPA) desvendaram a origem dos mocororôs, um tipo de formação rochosa rica em ferro que ocorre na bacia do rio Xingu, no Pará, e que pode estar ameaçada pela barragem de Belo Monte.
É o primeiro registro de formações ferruginosas microbianas desse tipo tão jovens na América Latina. As que existem aqui não possuem origem biológica e têm de centenas de milhões a bilhões de anos. Foi encontrado nas rochas estudadas moldes de bactérias, bem como várias células mineralizadas, em formato de nanobastões.
Sabe-se que as chamadas ferrobactérias metabolizam o ferro em águas bastante oxigenadas e de acidez quase neutra, mesmo quando há baixas concentrações do metal, o que é o caso na Volta Grande do Xingu, afirma Marília Prado Freire, primeira autora do estudo, realizado como parte de seu doutorado no Instituto de Geociências (IGc) da USP.
Enquanto a área da Volta Grande era dominada por corredeiras em leitos rochosos e cascalhosos antes da construção da barragem, abaixo dela as águas são historicamente mais calmas e formam ilhas pela acumulação de sedimentos arenosos e lamosos. Esse habitat em questão é essencial para algumas espécies essenciais. As comunidades de micróbios que ajudam a formar os mocororôs crescem em trechos onde não se acumula muita areia e lama. Mas, para isso acontecer, é preciso ter corredeiras no rio. A barragem de Belo Monte acabou com elas nesse trecho.
Fonte:Revista Fapesp