O episódio “A toca da onça pintada” da série de documentários “Brasil Selvagem” expõe a dinâmica do Pantanal em sua riqueza de fauna e flora, suas interações ecológicas e a relação de fatores abióticos para o pleno funcionamento da maior planície alagada do planeta. Todos os acontecimentos do Pantanal transcorrem em um cenário que oscila das cheias às secas, sendo um sistema essencialmente “anfíbio”, no sentido amplo da palavra. Desta forma, o Pantanal é o resultado desse equilíbrio de extremos; se há uma alteração nele, pode resultar em graves danos para as suas espécies e para os biomas vizinhos. O documentário acompanha os movimentos de algumas espécies típicas dentro desse ambiente tão ambíguo, dependentes dos cursos d'água, que possuem volumes cada vez menores.
Nas épocas de seca, o grande acúmulo de matéria orgânica seca torna o Pantanal suscetível a incêndios, elevando a antítese do cheia vs. seca em água vs. fogo. Até outubro de 2020, foram registrados 20.996 focos de incêndio no Pantanal; é o maior número desde 1998, ano em que o INPE começou a investigar as queimadas no bioma. A estação chuvosa deste ano foi menor do que o normal, o que agrava as queimadas; pelo mesmo motivo, visto a baixa incidência de raios, pode-se presumir que a maior parte dos incêndios teve causa antrópica. Ainda, segundo o INPE, 20% da vegetação pantaneira foi consumida pelo fogo.
Assistindo “A toca da onça pintada” pode-se ter noção dos impactos que um ano crítico em queimadas, como está sendo 2020, causará no Pantanal. Preservá-lo e ter o correto manejo é essencial, assim como estudar como os seres vivos e o meio interagem entre si, fornecendo os recursos e serviços ecossistêmicos e sua importância para nós, quanto sociedade, na atual conjuntura de falta de planejamento e manejo das áreas preservadas e de loteamento para a agropecuária. “A toca da onça pintada” é o 3° episódio de “Vida Selvagem” da National Geographic, vale a pena assistir!
Fonte externa: Revista FAPESP