O documentário “O sal da terra” retrata o trabalho do fotógrafo Sebastião Salgado em viagens pelo mundo registrando a relação das pessoas com os ambientes em que vivem. Para ele, “a terra é a cura para a falta de esperança”, conectando tudo que existe em busca do equilíbrio, recursos naturais e empatia pela condição humana. “Uma mesma espécie, em ecossistemas diferentes, evolui de formas diferentes”: assim segue o homem na Terra, tendo que se adaptar às diferentes condições, culturas e governos, mas com a certeza de que ele é dependente do ambiente em que vive, necessitando preservá-lo para preservar a si mesmo.
Sebastião iniciou seu trabalho como fotógrafo atraído por regiões ermas do planeta, locais onde a experiência direta com a natureza parecia-lhe legitimamente pura. Portanto, viajou nos anos 80 e 90 fotografando trabalhadores de terras agrárias – de aspecto medieval e até mesmo tribal – nas quais as pessoas lidavam com o sofrimento suportando-o com dignidade estóica. O desejo por fotografar a natureza humana em estado puro, sem a paralaxe causada pelas camadas culturais, levou Sebastião também à Serra Pelada, o maior garimpo a céu aberto do mundo. A carreira de Salgado passou por um ponto de mudança quando o fotógrafo foi trabalhar em regiões de conflito bélico, principalmente na África. Registrando a sofrida peregrinação dos refugiados, Sebastião percebeu que o que ele estava presenciando não era mais a condição trágica da existência humana, mas sim a mais covarde e nefasta injustiça social. O completo estado de desilusão para com a humanidade só pôde ser diluído com o regresso para a casa, onde o fotógrafo sentiu-se em contato íntimo com a natureza e reencontrou sentido para a vida.
O trabalho de Sebastião Salgado partiu da história da humanidade e chegou às ciências ambientais. Em uma visão geral, a narrativa parece dizer que a humanidade se desviou de seu contato puro com o mundo real e iniciou sua auto-degradação; a solução proposta seria a do regresso empenhado pelo fotógrafo, o regresso do filho pródigo, o sal que recuperou o seu gosto. “O sal da terra” foi dirigido por Wim Wanders e Juliano Salgado, vale a pena assistir!