Ser Tão Velho Cerrado


ser_tao_veho_cerrado.pngO Cerrado é o bioma mais antigo do Brasil; é rico em fauna e possui a maior diversidade florística do planeta, sendo considerado um “hotspot”. O bioma conta com um denso reservatório de plantas medicinais e de água doce – comportando-se como uma fonte de abastecimento de água para o país. A despeito disso, ao invés de portar a posição de um respeitável ancião curandeiro, ou de algum sábio xamã, o Cerrado está na condição de um idoso abandonado aos maus tratos de cuidadores perversos. Esse é o drama que o documentário “Ser Tão Velho Cerrado” visa retratar.

De fato é estruturada como um drama quase completo: o Cerrado agoniza, vítima das ações de personagens “farsantes” como as mineradoras, os latifundiários do agronegócio, a indústria hidrelétrica e políticos de índole questionável. Em contrapartida, o esforço de seus defensores, como a população local, os Kalungas, o projeto Mais Cerrado e os defensores do ecoturismo travam com aqueles “farsantes” o conflito que impulsiona o desenrolar da história, cheia de reviravoltas: ora um lado prevalece, ora outro. Apesar da bem encaixada analogia com o mundo ficcional, a problemática do Cerrado é muito real. A narrativa do filme tem enfoque na Área de Preservação Ambiental Chapada dos Veadeiros e mostra a batalha dos defensores do bioma para evitar sua total obliteração; seus argumentos giram em torno de temas morais, econômicos, ambientais e chegam a tocar os espirituais; suas ações exigem energia, comprometimento e diplomacia, inclusive jurídica.

As soluções apresentadas para a problemática defendem uma interação harmônica entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Defendem a agricultura familiar e os direitos dos cidadãos locais, pessoas com contato direto e ancestral com o Cerrado. Contudo, o drama não foi encerrado; o conflito ainda não foi convertido em final feliz ao som de Cíntia Mãe da Lua. “Ser Tão Velho Cerrado” é um documentário produzido pela O2 filmes, vale a pena assistir!