Você sabe para onde vai os eletrônicos que descartamos? O consumo desses equipamentos está cada vez mais crescente ao redor do mundo e, portanto, há o aumento de resíduo gerado. O destino correto destes materiais deve ser a reciclagem, devido ao enorme dano à saúde e ao meio ambiente que eles ocasionam. Entretanto, muitas vezes, não é isso o que ocorre. Esta problemática é retratada pelo documentário “Toda a Verdade – Tragédia Eletrônica”, produzido pela emissora portuguesa SIC Notícias.
Ao abordar sobre o que acontece no descarte do resíduo eletrônico, o filme apresenta subtemas antinômicos: os países que mais produzem e-lixo possuem centros oficiais de reciclagem quase vazios, enquanto países em desenvolvimento da África lidam com enormes importações de resíduos eletrônicos todos os dias. Ainda, há outra dicotomia: o e-lixo possui, a princípio, muito valor econômico agregado por conta de seus componentes valiosos; não obstante, ele é exportado inescrupulosamente por grandes países. A chave desses conflitos é revelada: o tráfico de lixo eletrônico. Em 1989, foi assinada a Convenção de Basileia que proíbe a exportação de e-lixo; porém, diante de esquemas que envolvem corrupção e problemas na fiscalização, o contrabando de resíduos perigosos é recorrente, sendo maior do que o de drogas.
O tráfico de resíduos eletrônicos dá um fim escuso a estes objetos. Muitos resíduos que deveriam ir para a reciclagem são contrabandeados para locais como Hong Kong e África, onde recebem um processo de reciclagem “mais barata”. Diante disso, há uma gama de prejuízos gerados. Um deles é o dano a saúde dos trabalhadores dos países que manejam esses materiais sem os instrumentos de proteção e execução necessários, além da contaminação de rios e águas subterrâneas. Ainda, esses componentes podem ser vendidos como novos para empresas de tecnologia, o que pode gerar graves problemas na produção e colocar em risco os usuários de seus produtos. Sendo assim, o documentário mostra um efeito cascata de prejuízos gerados pelo tráfico de resíduos eletrônicos, envolvendo a busca desordenada por lucro e a corrupção de autoridades fiscais, mas enfatiza o início dessa torrente: o consumismo.