
A primeira metade do documentário se dedica a apresentar gravíssimos números relacionados à indústria pecuária, como seu uso de 55% de toda água dos EUA comparado aos 5% do uso doméstico. Essa e outras comparações suscitam uma reflexão sobre até que ponto a mudança de pequenos hábitos dos cidadãos comuns irá de fato surtir algum efeito significativo na luta contra a degradação ambiental. São ainda abordadas consequências diretas da criação de animais para consumo, como a emissão de gases estufa (em maior quantidade anual do que a queima de combustíveis fósseis), o desflorestamento, a contaminação de corpos d’água por nitrogênio e a extinção em massa de espécies marinhas. O filme também explora as consequências indiretas da pecuária, como a omissão danosa por parte dos governos e das ONGs de defesa ambiental, a chantagem política dos lobistas industriais e até mesmo assassinatos de ativistas.
Na segunda metade, Andersen conduz uma profunda reflexão para a humanidade; tentando demonstrar que nenhum tipo de produção pecuária pode ser sustentável, sua conclusão é a de que o futuro do planeta depende de uma radical mudança de hábitos alimentares pelas pessoas. ”Cowspiracy” é um filme provocador, chocante e instigante; apresenta problemas que possuem uma causa única e argumenta por soluções que convergem igualmente para uma atitude unívoca – assisti-lo é um exercício informativo, intelectual e crítico (aliás, o documentário em si é passível de críticas). “Cowspiracy: o segredo da sustentabilidade” estreou mundialmente em 2015, na Netflix, onde ainda está disponível. Vale a pena conferir