Mataram Irmã Dorothy

mataram_irma_dorothhy.pngQuanto custa lutar por ideais mais sustentáveis? Quanto custa lutar contra os grandes latifundiários? Dirigido por Daniel Junge e narrado por Wagner Moura, o documentário “Mataram Irmã Dorothy” tenta penetrar no caso da freira que realizava atividade missionária no Brasil e foi assassinada a tiros, configurando o enredo de uma história obscura.

Irmã Dorothy, estadunidense naturalizada brasileira, destacou-se lutando em prol da população carente, dos trabalhadores e contra o desmatamento ilegal na Amazônia. Ela esteve à frente da criação de escolas e centros comunitários no estado do Pará. Era uma das principais defensoras do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS), o qual visava assentar famílias agricultoras em terras que deveriam ter 20% do destino da produção para o manejo sustentável e 80% para floresta comunitária. Entretanto, a sua atividade não agradava a todos. Muitos latifundiários a combateram e a antagonizaram, visto que as terras que ela reivindicava eram do interesse de fazendeiros para a criação de gado e extração de madeira. Em 12 de fevereiro de 2005, a velhinha apareceu cravada de balas, aos 73 anos. Destarte, buscou-se saber a verdade sobre o crime: o resultado de mera contenda com um trabalhador isolado ou execução premeditada, a mando de algum latifundiário que colocou seus interesses acima de qualquer lei e princípio moral?

O filme aborda a história da luta de Irmã Dorothy enquanto transcorrem dois dramas: o processo judicial para punir os culpados pelo crime e o futuro do PDS e de todo o legado missionário da freira. Além disso, evidencia as práticas ilegais desenvolvidas na Floresta Amazônica, a violência circundante e a fragilidade das leis e da justiça no Brasil em relação aos grandes latifundiários; tudo somado ao solene descaso do governo. Como disse um dos integrantes da organização criminosa: "Quem tem dinheiro não vai preso nesse país". Vale a pena assistir.